Sentada no banco da Praça da Matriz do município de Frutal a dupla de idosos que jogava dominó é surpreendida por um grupo de jovens, empunhando violões e pandeiros, que em coro canta conhecidos jingles publicitários. O mesmo acontece com a senhora de meia idade e sua netinha, que acabavam de sair de um conhecido supermercado da cidade. Com o farmacêutico, no interior de seu estabelecimento;
com adolescentes, que saíam de uma academia; ou, a família que deixava a igreja.
 

Sem que soubessem até então, todos eles estavam participando da Semana UEMG, no Projeto “Jingles ao pé do ouvido” – uma intervenção urbana, levada às ruas pelos alunos do 5º período do curso Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, do Campus de Frutal.
 

O projeto consistiu de um recorte de oito jingles considerados “marcantes” na publicidade brasileira entre os anos de 1970 e 2010, feitos pela revista Exame em novembro de 2011. Reunidos em grupos de trabalho, os alunos de Publicidade criaram um coral, que ensaiou os tais jingles, elaboraram uma pesquisa de mercado, pautada nos índices percentuais de faixa etária da população da cidade, para detectar os níveis de conhecimento e recepção das peças apresentadas e exibiram um trabalho final, com a documentação em fotos, vídeo e tabulação da pesquisa.
 

Entre os jingles apresentados foram cantados o “Pipoca com guaraná”, do Guaraná Antarctica, “Os bichinhos da Parmalat” e o “Poupança Bamerindus” (“o tempo passa, o tempo voa...”), além de cinco outros.
 

Segundo o idealizador e coordenador do projeto, publicitário e professor Alaor Ignácio dos Santos Júnior, a ideia partiu de suas lembranças das performances realizadas no início dos anos 1990, pela teatróloga paulistana Cristiane Paoli-Quito, com sua Trupe de Atmosfera Nômade, que realizou várias intervenções
urbanas utilizando-se de poemas, então declamados aleatoriamente à população das cidades onde passava.
 

De maneira didática, porém, assegura ele, “foi oportuno para dar referência aos alunos e à comunidade frutalense da “poética da publicidade”, além de trabalhar com a história da propaganda, com o desenvolvimento de uma campanha composta por peças publicitárias específicas (camisetas, cartazes e páginas de “teasers” em redes sociais), com a elaboração de projetos de pesquisa de mercado, arte
fotográfica, vídeo e música”.
 

A vice-coordenadora do evento, professora doutora Daniela Soares Portela, lembra ainda que, como atividade de extensão, o “Jingles ao pé do ouvido” promoveu a integração da UEMG com a comunidade de Frutal, onde o curso de Publicidade e Propaganda é ministrado.
 

Nas ruas, o depoimento marcante foi de Otílio Cunha, de 71 anos: “eu nunca tinha visto nada parecido aqui na cidade, mas achei muito bacana essa moçada vir na praça divertir a gente”, revela.
 

O projeto “Jingles ao pé do ouvido” aconteceu nos dias 3 e 4 na Praça da Matriz e no calçadão da cidade. Na quinta-feira, dia 5, as intervenções serão feitas na universidade.