Acostumadas ao som de carros, ônibus, passos indo e vindo e meias-conversas, as pessoas que circularam pelo Parque Municipal de Belo Horizonte, nesta quinta-feira, 6, se surpreenderam com a mistura de ritmos e sons das apresentações da 3ª Semana UEMG.
Bem antes da entrada do Parque Municipal, era possível perceber a animação da Companhia de Danças Folclóricas Saruê da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) que, por meio de parceria entre as pró-reitorias de extensão da Universidade com a UEMG, compuseram a programação da Semana.
O grupo existe desde 2003 e tem como característica levar a música folclórica regional e nacional pelos quatro cantos do país. Mas suas apresentações não acontecem apenas no Brasil. O Saruê já se apresentou em outros países.
No segundo semestre, a chance da dança acontecer mais uma vez em terras estrangeiras é grande, contou Paulo Roberto Sales, professor coordenador do projeto: “Estamos montando nossa programação. Recebemos convites para dançar na Itália, na Turquia e no Peru. É uma honra, um sentimento de fazer a coisa certa”.
A Parceria entre UEMG e UNIMONTES
O estado de Minas Gerais tem muitas universidades públicas. A maioria é federal e as duas estaduais que existem tinham uma relação, até então, um tanto distantes. “A gestão do Dijon, na UEMG e do João Reis Canela, na UNIMONTES, possibilitou essa aproximação. As universidades se configuraram de uma forma distantes, mas é esse o momento para melhorar a relação e caminhar juntos”, falou Vania Costa, Pró-reitora de extensão da UEMG.
Vania também lembrou a importância de eventos como a semana UEMG: “Quando um estudante ingressa no ensino superior, o aprendizado acadêmico é aquilo de mais clássico, de mais esperado. É o ensino. Mas a pesquisa, a educação e principalmente o envolvimento com a comunidade são fundamentais para a formação”.
Jussara Maria Carvalho, Pró-reitora adjunta de extensão da UNIMONTES concorda que as universidades têm de caminhar juntas: “É uma das primeiras vezes que vejo UEMG e UNIMONTES juntas. Isso tem de acontecer sempre. A extensão pode e deve ajudar nisso, afinal, a troca de experiências é positiva para os dois lados. Pra mim e para os meninos do grupo, é uma honra estar hoje em Belo Horizonte para participar de Semana UEMG”, analisou a pró-reitora.
Carimbó, público e rock: todos os saberes juntos
O grupo de danças existe há mais de 10 anos e é formado por alunos, funcionários e ex-alunos da UNIMONTES. Durante a apresentação, ganhou novos integrantes: “As danças tradicionais que apresentamos são catira, calango e catopé. Tem também o carimbó, o ciriá e o boi de Parintins. Queremos todo o público junto, porque a participação deles só engrandece o espetáculo” falou George Felipe, estudante da UNIMONTES e dançarino do Saruê.
Durante a apresentação do carimbó, música típica do Pará, algumas pessoas da plateia foram convidadas a subirem ao palco. “No carimbó, a mulher deixa um lenço no chão e o homem tem que conseguir pegar sem relar mãos ou joelhos”, explicou Paulo Roberto, antes de deixar as artistas descerem do palco para escolherem seus parceiros.
A participação masculina para conseguir pegar o lenço não deu resultado, então as mulheres que assistiam ao espetáculo foram convidadas a participar também. Aline Fernandes, aluna de Engenharia Ambiental da UEMG, em João Monlevade, entrou na brincadeira: “Eu conhecia algumas danças e eles representaram muito bem. Mas na hora que me chamaram pra dançar o carimbó, foi muito difícil. Sem falar na vergonha de estar ali em cima”.
A animação foi geral, no momento em que a jornalista Daniella Moreira, integrante da equipe da Agência Inova, da UEMG Frutal, conseguiu pegar o lenço com a boca sem colocar as mãos e os joelhos.
Antes da performance do Saruê, o aluno da Escola de Música da UEMG, Ivan Fonseca comprovou a importância da parceria entre as universidades e apresentou o seu trabalho de rock instrumental: “Foi muito massa estar aqui hoje e tocar antes do congado. Eu lancei um CD no passado que fala sobre os escravos. Tenho uma admiração muito grande por tudo isso que o Saruê apresenta. Se pudesse, até tocava junto” falou o estudante.
As apresentações aconteceram por mais de três horas e o público aumentou com o passar do tempo. No final da noite, com as cadeiras lotadas e algumas pessoas em pé, a mistura do rock e a música folclórica, a integração entre as universidades e o público, confirmaram a proposta da Semana em colocar a UEMG em movimento através do diálogo entre saberes.