Violência policial e racismo são tema de aula aberta na FaPP, em BH
16/09/2015
Pedro Henrique Afonso, 24 anos, chegava na Faculdade de Políticas Públicas da UEMG (FaPP/UEMG), onde estuda, quando foi detido por policiais militares. O estudante foi acusado de roubar seu próprio carro e quando tentou argumentar contra o erro, foi algemado e levado para delegacia. “Fui preso, constrangido, humilhado, machucado, porque sou negro. Porque, sendo negro, ousei ter um carro, dirigi-lo e me recusar a pedir desculpas por isso”.
O acontecimento ganhou repercussão nacional em razão da situação um tanto privilegiada de Pedro Henrique – estudante de uma universidade pública e proprietário de veículo próprio. O relato, todavia, é uma exceção e destoa do silêncio em torno dos milhares de casos semelhantes em todo o Brasil.
Tendo a história do estudante como mote, a Universidade promoveu, no dia 14/09, na própria FaPP, uma aula aberta que debateu a superação da violência policial e do racismo institucional. A atividade teve como objetivo debater a questão da abordagem policial seletiva para o caso da população negra.
O professor da FaPP Robert Delano de Souza Correa falou sobre a importância da PM em proteger todos os cidadãos, sem restrição da cor da pele, classe social ou orientação sexual. “O Estado deve fornecer um serviço de segurança pública que não se restrinja a um grupo da sociedade”, disse. Ele ainda defendeu a ideia de que o modelo policial no Brasil deve ser repensado, pois muitas vezes os direitos humanos mais básicos são ignorados pelas autoridades policiais.
Durante os debates, questões como a desmilitarização das corporações policiais, responsáveis pela ordem social, foram abordadas. Não houve consenso sobre o avanço da proposta, no entanto, já que, para os debatedores, há uma seletividade das diversas esferas do Estado brasileiro, em que a própria lei é ignorada para a maioria, enquanto outros são resguardos, mesmo a tendo descumprido.
Em um ponto os debates concordaram: não é mais possível conviver com a violência e o racismo dos agentes policiais. Assim, apontaram ao final dos trabalhos os debatedores, é necessário que haja uma profunda mudança nas corporações policiais, que vão desde sua concepção até as formas de naturalização da violência e do preconceito contra as minorias presentes nos treinamentos dos agentes policiais.
Muito mais sério, todavia, indicaram os debatedores, é a institucionalização dessa violência e desse racismo, presentes de forma silenciosa nas práticas das mais diversas instituições brasileiras e reproduzidas nos cotidianos dos brasileiros. Essa sim é a forma suprema da violência que Pedro Henrique e outros tantos brasileiros negros, homossexuais ou simplesmente diferentes do que se considera normalidade estão submetidos no dia a dia do Brasil.
Reportagem: Maria Luiza Damião (2º período de Jornalismo – UEMG/Divinópolis)
Orientação: Prof. Gilson Raslan Filho
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