Professores debatem, em BH, importância de ações afirmativas no ensino superior
16/09/2015
Vários docentes estiveram reunidos na terça-feira, dia 15, em uma mesa-redonda na Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Belo Horizonte, para conversarem a respeito de ações afirmativas em busca de conscientizarem alunos, professores e a comunidade em geral para novas políticas de respeito à diversidade nas unidades do ensino superior da UEMG.
Integraram a mesa o reitor da Universidade do Estado de Alagoas (UNEAL), professor Jairo José Campos; a diretora de Ações Afirmativas da Universidade Federal do Juiz de Fora (UFJF), Caroline Bezerra; e a pró-reitora de Ensino da UEMG, professora Renata Nunes Vasconcelos. A palestra foi prestigiada por estudantes e integrantes do corpo acadêmico, além do reitor da UEMG, professor Dijon Moraes Júnior, e do vice-reitor, professor José Eustáquio de Brito.
O encontro serviu para desmistificar alguns conceitos preconceituosos sobre as cotas sociais nas universidades, relatar o percentual dos ingressantes nas instituições por meio desses programas e sua ampliação, tendo em vista a manutenção dos alunos na universidade durante o período de formação acadêmica.
Na UEMG, por exemplo, segundo informações detalhadas pela pró-reitora de Ensino, graças ao Sistema de Seleção Unificado (Sisu) e aos programas afirmativos adotados pela própria universidade, como o Programa de Seleção Socioeconômica (Procan), nos últimos cinco anos, 95% dos alunos da UEMG são declarados afrodescendentes, negros ou oriundos de escolas públicas.
A pró-reitora salientou que é importante cuidar para que a discriminação não ocorra, inclusive com os alunos cotistas. Independentemente de onde vierem, de qual estrato social vêm esses alunos, disse a pró-reitora, nenhum deles pode ser discriminado por ingressar na universidade pelas ações afirmativas.
“Há um discurso preconceituoso que afirma que esses alunos só estão na universidade porque são cotistas. Isso é inadmissível. Revela não apenas a intolerância, mas como nossas classes privilegiadas querem manter esses privilégios”, se emocionou Renata. Os próximos passos, continuou a professora, é desenvolver programas para que esses alunos possam se manter, dignamente, na universidade, inclusive com ações para que suas eventuais dificuldades acadêmicas possam ser superadas.
Ao relatar as experiências da UNEAL com o desenvolvimento da cultura da convivência, o reitor da Universidade apresentou o projeto “Xangô Rezado Alto”, desenvolvido na capital alagoana. O projeto, iniciado em 2012, ano do centenário do evento conhecido como “Quebra de Xangô”, ocorrido em 1912, quando casas de culto afrorreligiosos de Maceió e do interior de Alagoas foram invadidas e destruídas, mobiliza a comunidade pela tolerância religiosa e étnica. “Vivemos tempos difíceis desde a chegada dos negros em Alagoas e sempre sofremos com a demonização de nossas raízes”, ressaltou o reitor. Permitir que o Xangô seja ouvido em espaços públicos significa mais do que uma justiça ao passado – significa uma abertura a um futuro de convivência respeitosa entre os diferentes.
Reportagem: Vinícius Xavier (2º período de Jornalismo/UEMG Unidade Divinópolis)
Fotografia: Elvis Gomes
Orientação: Prof. Gilson Raslan Filho
SEMANA UEMG
|